domingo, 12 de junho de 2011

Chá das 17h


- Beba mais chá querida! – a senhora, já bem de idade, servia outra xícara de chá para ela – Ele deve chegar a qualquer momento.
            Sem querer fazer desfeita ela pegou novamente a xícara enquanto observava à senhora equilibrar a sua xícara de chá junto com o exemplar que estava lendo de “O Morro dos Ventos Uivantes”. As duas ficaram assim, em silêncio, ela sabia que era a terceira vez naquela semana que a senhora Beck lia aquele livro enquanto esperava o filho que nunca mais voltaria.
- Senhora Beck, eu já vou indo – ela disse soltando a xícara de chá.
- Oh, mas já? Acho que meu filho está atrasado – a senhora disse enquanto ajeitava os óculos e conferia as horas.
- Não se preocupe amanhã eu volto.
- Como quiser querida. Apenas saiba que ele te ama muito – a pequena senhora se levantou abraçando-a antes de seguir para a porta.
            Ela saiu para o forte vento que fazia em New York, enquanto limpava algumas lágrimas que teimavam em sair. Era sempre assim, a senhora Becker fazia chá e lia o mesmo livro todos os dias, o estágio avançado de mal de Alzheimer a tinha feito esquecer-se de tudo que havia se passado ao longo dos 3 meses, até mesmo a morte do próprio filho. O fato de não conseguir saber da morte do próprio filho era cruel, mas, mais cruel ainda seria lembrá-la todos os dias de tal fato.
            Após andar por longos minutos, pensando na rotina que havia se estabelecido em sua vida, ela comprou uma rosa vermelha e se encaminhou para o cemitério.  Caminhou entre túmulos já muito conhecidos até encontrar o qual queria, se ajoelhou ao lado do túmulo do marido e colocou a rosa ali.
- Se você soubesse a saudade que sinto de você – ela disse suspirando – Mas estou cumprindo a promessa que lhe fiz, estou cuidando da sua mãe.
            Já fazia um mês que ele havia falecido por causa de um câncer, e depois disso passou a cuidar da sogra, e todos os dias nos mesmos horários, cumpria a rotina que havia, ela mesma, se proposto a fazer. 


P.S. Hey morangos, escrevi esse conto agorinha, e resolvi postar quanto antes melhor. Espero que vocês gostem.  
beijos =*

9 comentários:

deia.s disse...

Nossa, fiquei com os olhos cheios de água salgada :$ rs
Muito lindo, mesmo!
Mas que dor pra essa moça, não?

Amor é amor e mais nada.

Parabéns, uma das melhores coisas que já li por aqui.

Beijos doces.

*-*

Gabriela Freitas disse...

lindo, tocante

Bianca Nunes disse...

Eu tenho uma parente que sofre de alzheimer...
é muito mais que perda de memória, essa doença é terrível.

beijos

Leidiane disse...

Que triste..
A dor da moça deve ser enorme, fingir que espera alguém que ela sabe que nunca mais vai voltar.!
Bjos ;*

Suélen Breier disse...

Nossa, que lindo! Sério, muito lindo, fiquei emocionada. Muito lindo mesmo.
Que triste, coitadinha da senhora e da moça ;~

Beijão
http://limao-e-mel.blogspot.com/

Ny disse...

minha vó tem inicio desa doença, e um pouco de depressão, adorei a história tay, mt linda. bjus.

Anônimo disse...

que doçura! ;')
muito impactante!
beeeijo chérrie

@taataah__

Tânia T. disse...

Ahhh que lindoo...

Amor é isso, afinal não é??

Simplesmente perfeito!!! xD


Bjuxxx

P.S.: Chorei imaginando a história.. é tão triste! rs'

Drizana Ribeiro disse...

Que lindo !
Eu choerei :(
Isso que é amor verdadeiro !
Amei demais !
Ótima semana para você !
Bjs, Dri !